9 de mai. de 2011

Olho no Futuro

Olho no
futuro<http://oglobo.globo.com/economia/miriam/posts/2011/05/08/olho-no-futuro-378922.asp>
*por Míriam Leitão*

Esta semana o Brasil pode tomar uma decisão que vai afetar as futuras
gerações. O país tem diante de si muitas dúvidas, mas já tem uma certeza:
até agora, errou muito. O Código Florestal não é sobre o conflito entre
produtores e ambientalistas, é sobre os erros do passado, as chances e
riscos do futuro. O debate tem sido medíocre.

O fotógrafo brasileiro e global Sebastião Salgado passou os últimos anos
olhando o presente do futuro num projeto chamado Gênesis, que lembra o
passado mais inicial. Fotografa o que resta de protegido na natureza. Essa
ideia surgiu quando voltou para a fazenda em que cresceu no interior de
Minas, Aimorés. Tudo árido, desmatado, morros pelados, erosões. Nada
lembrava a vida cheia de verde que ele tinha visto na infância. Ele começou
a replantar. Mil, duas mil, um milhão de mudas de espécies nativas. A água,
que havia secado, brotou de novo; as árvores cresceram, voltaram animais,
pássaros. A mulher do fotógrafo e autora do projeto, Lélia Salgado, quando
me contou o momento da descoberta da água retornada, se emocionou.

Os produtores pensam estar protegendo seus interesses quando defendem
anistias e leis que aceitam mais desmatamento. Podem estar secando seus
rios, revoltando os leitos que vão mostrar suas fúrias nas tempestades,
minando o solo, que vai secar, desabar ou se partir nas crateras da erosão.
Podem estar contratando o acirramento de fenômenos climáticos extremos que
destruirão suas terras, plantações e a economia do país.

O dilema que está diante de nós é maior do que temos visto. O Brasil é ao
mesmo tempo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o país com a
maior diversidade biológica do planeta, um dos grandes reservatórios de
água. Como é possível conciliar a abundância das chances que temos? Há
países que administram a escassez. Temos sorte.

Os ruralistas disseram que querem mais terra para plantar. Com a produção
deles, o Brasil garante a balança comercial, aproveita a alta das
commodities, acumula reservas cambiais, entra em todos os mercados como o
primeiro do mundo em muitos produtos. Os produtores são parte do nosso
sucesso como país. Os ambientalistas dizem que o país já destruiu demais.
Foram 333 mil km na Amazônia nos últimos 20 anos: 11 Bélgicas, quase uma vez
e meia o território do Reino Unido. Além disso, reduziu a quase nada a Mata
Atlântica, é insensível ao Cerrado, ameaça o Pantanal, despreza a Caatinga.
Os ambientalistas são parte do nosso melhor projeto. Os cientistas fizeram
um grupo de trabalho, reuniram mentes brilhantes, estudaram profundamente e
fizeram um relatório que alerta para os riscos de o país escolher mais
desmatamento. Foram ignorados e disso deram ciência ao país. A Agência
Nacional de Águas (ANA) ouviu os técnicos e avisou: sem a cobertura vegetal,
vamos perder água; o elemento da vida que está ficando cada vez mais
escasso. A agência foi ignorada como se chovesse no molhado.

No meio dessa complexidade, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) escolheu
apequenar seu campo de visão e viu apenas um dos lados do polígono. Não
entendeu que esses são conflitos não antagônicos, para usar uma linguagem
que talvez ele ainda tenha de memória. É preciso ver toda essa diversidade.
Escolhendo ouvir só os produtores de visão estreita, ele pode estar
revogando os interesses mais permanentes dos próprios produtores. Sem
proteção do meio ambiente não haverá água, sem água não haverá produção. Sem
meio ambiente não há agronegócio. Os interesses são mais convergentes do que
parecem.

Os produtores têm razão em reclamar que a lei mudou no meio do caminho em
alguns pontos. Olhar esses pontos com sinceridade é necessário. A ANA
lembrou as políticas de incentivo ao desmatamento e as alterações de tópicos
da lei e separou o que o projeto misturou: "Quem agiu de boa fé" e "quem
comprovadamente gerou passivo ambiental." O projeto mistura tudo quando
anistia quem desmatou até 22 de julho de 2008. O texto como foi escrito
estatiza os custos e privatiza o lucro.

Os cientistas alertam que uma pequena alteração feita no texto representa um
risco imenso. Se a mata em torno dos rios tiver que ser calculada a partir
da menor calha, e não das bordas maiores, os rios da Amazônia que enchem e
encolhem ao longo do ano podem perder 60% da sua proteção.

A ANA, a Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência (SBPC) avisam que não se deve mudar o código. A tarefa
é aprimorar a lei e melhorar a implementação. A ideia de que uma lei deve
ser jogada fora porque muitos não a respeitaram é estranha. Ela não foi
entendida nem pelo governo que a baixou em 1965, mas para nossa sorte ela
ficou atual. Protege áreas frágeis da erosão e dos deslizamentos. Protege
rios e mananciais de água. Cria a obrigação de cada proprietário reservar
uma parte da sua terra para a vegetação natural. Está em sintonia com o
tempo da mudança climática que já está entre nós.

A oposição desistiu do futuro; o governo decidiu escolher o menos pior.
Erram os dois. O sensato é querer o melhor. Olhar para as exigências que o
planeta nos faz para as próximas e decisivas décadas. Entender como aumentar
a produção conservando os ativos. Fazer mais com cada hectare de terra da
agricultura e da pecuária. Tirar mais informação da biodiversidade que
recebemos por herança. Não se deve votar com olhos paroquiais. É pelo porvir
que se vota, congressistas. Leis não são mudadas para apagar o crime do
passado, mas para garantir o melhor futuro.

http://oglobo.globo.com/economia/miriam/

ESCALANDO RAPIDO

As dicas que seguem abaixo, servem perfeitamente para qualquer dupla que pretenda escalar rápido (principalmente se forem vias longas), o texto é antigo e não deixa de ser atual, do Alex "Che" Ribeiro e está no endereço : http://www.hangon.com.br/index.php?caminho=/artigos/techinfo


“Mostrarei aqui alguns procedimentos que podem tornar suas escaladas em paredes muito mais rápida e agradável. Rapidez pode significar: segurança, conforto, melhora da auto-estima e mais tempo disponível. Escalando rápido, paradoxalmente podemos ficar menos cansados, consumimos menos água e comida. No final do dia, a recompensa é maior. Enfim, aqui vão alguns conselhos.

PESO

A escolha é do escalador: escalar "preparado para tudo", ou escalar rápido para sair da montanha o mais rápido possível? Vá comemorar na base, quando descer... Lembre-se que a maior parte dos acidentes ocorre durante a descida! O sujeito que sobe preparado para tudo leva um peso desnecessário, o que reduz muito a velocidade da ascensão. E quando dá "merda", normalmente ele não tem o equipamento certo. E nesse tempo "perdido", o tempo já virou, já choveu canivete, o cara já ficou ensopado, o telefone celular se afogou, a corda prendeu no rapel porque ficou molhada, pesada e embolada... Quanto menos tempo passamos na parede, menos cansados ficamos devido à menor exposição ao sol, ao vento, ao calor e ao frio. Consumimos menos água, o que significa menos peso. Exemplo: para quem precisa de 5 ou 6 horas para escalar uma via no Pico Maior de Friburgo, necessita de 2 ou mais litros de água para não ficar com sede. Mas se a mesma pessoa for com um parceiro mais rápido e sem peso, e subir a mesma via em 2 horas, geralmente ela irá necessitar de menos de um litro de água! Concluindo este item, escalar com mochila cheia e se preparar para o pior, pode te deixar na maior roubada. O ideal é escalar leve e rápido... Se não der para subir porque você não tem "tudo" que precisa, não force a barra, desça! Quantos estúpidos já morreram escalando em nome do orgulho?!

PROTEÇÕES

Apenas uma pequena porcentagem de escaladores sabe proteger corretamente uma enfiada de corda numa parede longa, no sentido de evitar atrito, e isso é fundamental para escalar com a corda leve. Mas para isso é preciso levar fitas longas e variadas, entre 30 e 80 cm de comprimento. Vejo escaladores experientes em vias esportivas colocar costuras curtas em lances que pedem fitas longas, e desperdiçar fitas longas onde não são necessárias. Obviamente isso compromete a velocidade da escalada por causa do atrito. Ou seja, a corda precisa ficar mais "reta" possível, para correr leve.

PESO DA CORDA

É óbvio que quanto mais pesada a corda ficar em função do atrito, mais lento se escala. Em certas escaladas, mesmo colocando fitas longas, a mudança de ângulo do trajeto acaba atrapalhando. Ou seja, quando você sentir que a corda está pesada, páre onde der e puxe o segundo. Posteriormente, continue a partir desse ponto, mais leve e mais rápido. Acredite, ganha-se tempo com este procedimento. Não seja "fominha", não tente esticar a corda pensando que vai ser mais rápido, neste caso, pode não ser!

Se a escalada for feita em simultâneo (os dois escalando ao mesmo tempo), o ideal é reduzir o comprimento da corda, para diminuir o peso. Reduza o comprimento de 60 para 30 ou 40 metros. Para isso, basta que o segundo se encorde no meio da corda, e deixe o restante solto. Não precisa enrolar a corda ou colocá-la dentro da mochila, isso vai apenas fazer você perder tempo. Atenção! Isso não é "escalar à francesa", não sei de onde saiu isto. Se você disser para um francês que vai escalar à francesa, ele vai pensar que você o está zoando e ele pode te mandar para aquele lugar!

RAPEL

Quando o guia chega na última parada (se não for ao cume), no momento em que ele dá segurança para o segundo, ele se desencorda e passa a corda pelo o olhal da proteção (chapa ou grampo). Na medida que a corda do participante é recolhida, a mesma desce através do olhal da proteção e a corda fica automaticamente preparada para o rapel. Assim que o participante chegar e se ancorar, o guia já pode começar a descida. O participante se desencorda e libera a corda quando o guia estiver descendo.

No final da descida, no momento que o primeiro chegou na parada, antes de mais nada ele já grita "LIVRE", isso se o cara de cima não estiver prestando atenção. Imediatamente ele libera a corda para o segundo, que já vai estar com o aparelho pronto para colocar na corda. Em uma parede de 500 m estes procedimentos podem poupar mais de 30 minutos.

COMUNICAÇÃO

Um procedimento que vejo como sendo desnecessário é a comunicação exagerada na escalada, além de dar nos nervos dos outros escaladores e na fauna circundante, isso também reduz a velocidade da cordada.
- Tá pronto?
- Tô.
- Posso ir?
- Pode.
- Escalando hein!
- Tô segurando... Chegou na metade da corda!!
- Tá legal... AI MEU DEUS... SEGURAAAAAAAAAA
- Pode cair que estou seg... Já caiu?
- Vou continuar escalando... Cheguei, pode soltar a segurança!
- O quê? Não estou te ouvindo!
- Cheguei... Soltaaaaa!
- Segurança solta! Corda livre!
- Vou puxar!
- A corda "chegou"!
- OK, está seguro, pode subir!
- Espera um pouco, preciso colocar as sapatilhas, beber água, ir ao banheiro...
- Tá legal, mas não demora!
- Estou pronto, posso subir?
- Pode subir, estou dando segurança!
- Escalando!
- SEGURA QUE VOU CAIR!!
- Tô segurando!
- RETEZAAAAAA!
- Tô segurando!
- PORRAAAAA, CAI PRA C... PRESTA ATENÇÃO AI!
- O seu prego, não sabia que a corda estica? Ela é elástica!

A comunicação entre dois escaladores eficientes pode ser muito simples e até desnecessária. Não é preciso todo esse diálogo, que é feito aos gritos, mesmo porque em certas escaladas de montanha, não se pode ouvir um ao outro. Obviamente os dois escaladores no exemplo escalam com muito medo. Se o segundo (segurança) cumpre o seu papel, ele precisa apenas ficar atento e não precisa dizer nada.
Assim que o guia chegar na parada, ele se prende e avisa imediatamente o participante com um OK indicado pelo o polegar. Se o participante está fora de vista, o sinal pode ser três puxões na corda. Logo depois, e sem perder tempo, recolhe a corda e já deixa na segurança do nó UIAA, ou aparelho. Durante essa operação o participante já deveria estar calçado e pronto para subir. Assim que a corda estiver esticada, o participante sabe que pode subir porque o guia já está dando segurança. Agora sim, o guia pode afrouxar as sapatilhas, beber água, etc., sem perder tempo e dando segurança ao mesmo tempo. Quando o participante estiver mais ou menos 15 m abaixo, o guia coloca ou aperta as sapatilhas e já fica na posição de continuar, esperando apenas recolher o material do participante. Ou deixar que o segundo guie a próxima enfiada. Este procedimento em cada parada pode poupar até 10 minutos. Se a via tiver 500 m, poupa-se mais de uma hora!

CONCLUINDO

Com esses procedimentos pode-se reduzir muito o tempo da escalada, e quanto maior a via, mais tempo poupado. E isso pode ser traduzido em segurança. Aliás, escalar rápido não significa subir correndo, como um doido, é possível fazer tudo isso com muita segurança“.